terça-feira, 16 de agosto de 2011

O Seu Fardo Não É Grande

Hoje eu fui no mercado com a minha mãe porque estávamos sem feijão aqui em casa. Compramos feijão, arroz, e algumas outras coisas. Faltando uns 500 metros pra chegar na minha casa, passamos por um daqueles "catadores de papelão" que vemos em qualquer subúrbio de uma cidade grande, ainda mais de um país subdesenvolvido. Olhando para trás, vi uma família puxando com MUITO esforço o carrinho por uma ladeira.
"- Desce o pacote de arroz pra eles" - minha mãe falou parando na esquina. Eu obedeci mais do que prontamente, tudo que eu queria era poder ajuda-los de alguma forma. Pulei para fora da carro e peguei o pacote de arroz e levei até a família. Os olhos da mãe (e seus quatro filhos, sem marido por perto) pareceram ter achado o maior tesouro do mundo.
"- Acho que trouxe mais peso para vocês, né?" - eu disse tentando quebrar o gelo, afinal eu não sabia como seria recebido.
"-Quê isso moço!" - disse a mulher mostrando um sorriso apagado.
"-Deve estar pesado pra vocês... perai" - eu disse sem nem pensar no que estava fazendo. Me juntei a eles. Já com as mãos na carroça pude ver duas crianças dormindo, inocentes, não aparentavam nem três anos. Então juntei toda a minha força e comecei a puxar o carrinho com a ajuda da mãe, de uma menina e de um filho, de mais ou menos seis anos.
Eu percebi que não importava a minha força, a resistência fazia com que o carrinho praticamente não saísse do lugar! Puxei mais e mais forte, e então o carrinho começou a se mover. Acho que eu nunca tentei puxar algo tão pesado na minha vida. Eu estava exausto só de começar a puxar. Imagine eles então, que talvez estavam lá desde as 7h da manhã. E isso me deu forças.
"- É cruel puxar isso, moço" - ao ouvir isso não sabia se eu devia parar para chorar ou puxar mais ainda.
Com uma mão abraçando o saco de arroz que eu ainda não entregara e a outra puxando o carrinho, senti que ajudei aquela família hoje, porém fiz pouco. Talvez você que está lendo isso possa ter uma atitude pequena assim hoje, amanhã ou depois, mas quando tiver a oportunidade, não exite! É com uma faísca que se começa o incêndio, né? Um pouco daqui e um pouco de lá, e a gente pode fazer algo GRANDE.
"-Deus te abençoe!"
"-Amém."
Então voltei pra minha comodidade e conforto, e pensei como talvez eles não tenham a oportunidade de viver isso. Meu fardo é muito pequeno, ou o deles é grande demais, só não entendo o porquê. Agora vou lavar minhas mãos, porque não conseguia pensar em outra coisa além de compartilhar isso, e tenho que comer. Espero que essa família que eu ajudei possa também.
Talvez você ache esse post sem graça, apelativo e até "tosco", mas isso não me importa, afinal, o blog é meu. Mas obrigado por ler.

2 comentários:

  1. E obrigado por publicar e compartilhar no Twitter. Cara, pelo seu tweet parece que você avisou sobre este post várias vezes na tuitesfera. Mas ainda bem que você tuitou mais uma vez, pois foi assim que eu li este post tão bonito.

    Sinceramente, não vi nada de apelativo em seu texto. Apenas vi elementos emocionantes, em que um simples gesto num dia pôde mudar a visão de mundo e do que é a vida de quem presenciou ou ficou sabendo do gesto.

    Parabéns pelo texto. Parabéns pra você e sua nobre mãe. :D

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  2. Muito bonito o texto e mais bonito ainda foi a sua atitude.
    Bom seria se todo mundo se importasse com o próximo e não fossem tão egoístas como são.
    Fazer o que né? :s
    Parabéns :)

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